quinta-feira, 29 de maio de 2008

Um lugar por aí....




O lugar onde vou viver adiante, ainda não sei onde é mas já sei como é: lá ninguém fala alto e todos preferem compreender a condenar. Criando várias gerações, assim, na compreensão (e compaixão) crescente do próximo, em alguns anos as crianças, rapazes e adultos serão plenos de doçura, inteligência, sensibilidade e virtude; vencidos estarão, para sempre, os dragões da depressão, da malignidade, da onipotência e da trivialidade.

As mulheres usarão belas boinas azul-claro, cor de rosa ou amarelo leve. Sorrirão para as flores, saberão a linguagem dos pássaros e cantarão em corais de anjos.

No lugar onde vou viver que não sei onde é mas sei como é, as escolas se abrirão diariamente com a leitura de poemas. Um aluno por turma, se encarregará. 
À cada novo dia um aluno e um novo poema. 
Haverá cisnes e flamingos de todas as cores que entoarão cantos zen mas só para quem quiser escutar e os cães terão cheiro de alfazema. 
Não haverá chatos porque cada pessoa só falará na sua vez, jamais enterromperá o outro e sempre considerará suas razões ou motivos mesmo que não concorde. 
Serão banidos os autorreferentes, que só falam a palavra "eu". Lá não haverá prisões mas jardins e hortas onde serão dadas as aulas, com as seguintes matérias: ternura humana; contar histórias; leitura em voz alta; bejos, abraços e carícias, com ou sem sexo conforme a idade e o curso; quindim, cocada preta e macarrão de arroz; música, fritar ovos. 
Haverá escolas só de gêneros musicais, literários e de artes plástica.
O aluno escolherá, por exemplo: quero aula de Manuel Bandeira, de romantismo musical, de conversa íntima ou de botequim. Se quiser o dialeto do surf também pode, "cumpadji". Cada adulto será professor com direito de à cada dois anos voltar - por um ano - a ser aluno de algo que deseje aprender ou se aprofundar.

No lugar onde vou viver será possível conviver com os que haviam morrido em seu tempo de vida aqui na terra. Viverão num bairro próprio, sem comércio e estarão à disposição de quem queira conversar. Alimentar-se-ão dos perfumes das flores de seus jardins (transplantadas de outros planetas) e vestirão três tipos de batas: brancas, azuis e cor de rosa.

Todos os dias às seis da tarde, defronte às suas casas, farão orações para todos os gostos e crenças. Não haverá estações do ano. Cada pessoa escolherá, à cada dia, segundo sua disposição ao acordar, a estação do ano e o tempo que deseja e somente para ela, a realidade assim se fará.
Todos compreenderão que o amor é um rio de muitas vertentes e todas as formas sadias do amor serão compreendidas e compartidas. 

Não haverá ciúme nem posse das pessoas amadas. Haverá a Universidade do Amor onde se estudarão as várias formas sob as quais o amor se reveste e cursos livres formarão as pessoas para serem o que o ser humano idealizou e até hoje não conseguiu.


(Desconheço o autor)


Lindo, né?! (L)

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