Tudo o que chega... Chega sempre por alguma razão!: junho 2014

"Sinto a falta dele como se me faltasse um dente da frente.

Excruciante!"

Nada define melhor a falta que ele me faz, como esse aforismo de Clarice.

Nossa... parece que ela escreveu já prevendo a saudade que eu sentiria quando ele se fosse.

Tudo começou lá em março de 2009.

Ele tinha 45 dias e me escolheu pra ser sua. E eu... não pude evitar!

Eu estava havia um tempo sem conviver com cães e não aguentava mais aquele vazio... estudei algumas possibilidades e, uma amiga que estava com uma ninhada de Cocker, resolveu atender ao meu pedido e me deu um deles.

Quando cheguei na casa da minha amiga para escolher quem eu levaria pra casa, eram três. Dois machos pretos e uma fêmea caramelo. Como eu não tinha coração suficiente para escolher entre eles, tampouco um casarão para levar os três, decidi que preferiria ser escolhida por eles.

A fêmea caramelo nem me deu ideia, continuou no canto dela, sem sequer olhar pra mim. Um dos machos, todo preto, resolveu brincar com alguma coisa que encontrou pelo caminho e, um macho preto, com uma machinha branca no peito, veio correndo em minha direção e me deu uma "chuva" de lambeijos.

Aquele era Adamastor. Meu dono.

E assim eu fui escolhida por ele.

Fomos para nossa casa.

Adamastor trouxe com ele a alegria que me faltava e de que tanto eu necessitava. Era ele o que me faltava. Ele preencheu todos os espaços vazios do meu coração desde então.

Mas, como as coisas não podem ser tão fáceis pra mim, aquele cotoco de cão foi diagnosticado com anemia e erlichiose forte. Correndo risco de morrer.

Eu quase tive um treco quando ouvi aquelas palavras do veterinário.

E me doei ao máximo, deixei de dormir pra monitorá-lo 24 h, dava comida e água na boca dele, remédios, cuidado, amor.... e ele se curou.

Desde então os móveis da minha casa foram "customizados", meus sapatos, fones de ouvido, carregadores de celular, dinheiro na minha bolsa.... tudo o que estava ao alcance dele... era dele... rsrs (acho que era isso que ele pensava).

Por ele eu terminei com um namorado da época, eu me mudei de um apartamento pra uma casa, eu "peguei" um cachorro pra ele, eu abri mão de viagens, de espaço na cama, de travesseiros, o levei nos melhores veterinários, eu dei a melhor ração, .... , e ele foi um cachorro forte como um touro....

Até janeiro desse ano...

Quando ele apareceu com o pescoço bastante inchado. Imediatamente o levei ao médico veterinário e, no dia 6 de janeiro de 2014, ele foi diagnosticado com Linfoma. E eu perdi o meu chão.

O médico me tirou todas as esperanças dizendo que ele não resistiria. Ainda assim, eu escolhi tratá-lo. Fizemos algumas sessões de quimioterapia e ele piorava demais do dia pra noite. Até que eu desisti desse veterinário e fui procurar na internet por uma ajuda especializada.

Infelizmente, na medicina veterinária, não existem médicos especialistas em determinado problema. Existem clínicos gerais ESPECIALIZADOS em tal coisa. E eu encontrei o Dr. Marcel.

Dr. Marcel é um médico veterinário muito conceituado e muito dedicado, membro da associação brasileira de oncologia veterinária. Além de tudo um ser humano muito gentil e solícito.

Porém, infelizmente, era tarde demais.

Por falta de informação de minha parte, eu aceitei o tratamento daquele primeiro médico por 2 semanas e meia. Quando Dr. Marcel viu Adamastor e o estado em que ele se encontrava, me deu algumas esperanças, mas me disse que o tratamento aplicado no meu Daminhas estava incompleto, e ele estava tomando uma super dosagem de cortisona, o que tinha afetado seu estômago e, por isso, ele tinha deixado de comer e tinha perdido tanto peso.

Ele adoeceu com 25 Kg, e foi embora com 12 Kg.

Em 3 semanas essa maldita doença, acompanhada de um veterinário incompetente, sugou 13 kg e a vida do meu melhor amigo.

E, no dia 24 de janeiro de 2014, eu sofri uma das maiores perdas da minha vida.

Eu não consigo mensurar e descrever aqui o que Adamastor significa pra mim. Só quem nos conhece e conviveu conosco consegue ter uma ideia de todo o amor que temos um pelo outro.

Passaram-se 4 meses desde que ele foi embora.... e eu não aguentei ficar na casa que eu aluguei pra ele, sem ele.

Hoje eu moro num lugar que ele nunca morou, mas posso ouvi-lo latir... Algumas vezes acordo procurando por ele na cama... ele ainda é muito presente em mim, e eu nem sei se isso vai passar.

Adamasttor sempre foi tudo pra mim, o filho que eu não tinha e, quando tive um filho gente, ele foi o irmão peludo do meu filho. Ele encostava a cabeça na minha barriga pra ouvir Guilherme. Ele deitava encostado nas minhas costas quando eu estava louca de dor e mal conseguia me mexer.

Ele me entendia e falava com os olhos.

Ele me recebia como se eu fosse uma celebridade toda a vez que eu voltava pra casa. E não importava se eu tinha ido na padaria ou ao Japão, a alegria em me ver era a mesma. Ele fazia eu me sentir única e especial.

Eu nunca conheci um cachorro tão expressivo... em toda uma vida de cachorreira, Adamastor foi o cachorro mais humano que eu conheci, e eu não consigo explicar muito bem a falta que ele me faz... mas, é como se eu tivesse um buraco no peito.

Podem imaginar como me dói escrever esse post? Dói-me a alma... mas eu precisava desabafar.

Enquanto selecionava as fotos pra postar junto com esse texto, tantas lembranças boas... e uma dor por não poder voltar lá atrás e trazê-lo pra aqui, agora, do meu lado aqui sentado nesse sofá.

Só eu e Deus sabemos a falta que ele me faz... e sempre fará. Porque ele é um grande amor na minha vida.

Filho, não importa o tempo, não importa onde... qualquer dia a gente vai se encontrar de novo... e eu vou te encher de beijos e te abraçar muito.

Jamais esquecerei de você e de toda alegria e amor que você me fazia sentir.

Eu amo você com todas as minhas forças... por todos os dias da minha vida... até breve! :'(